domingo, 29 de setembro de 2013

de W. H. Auden, para alguém querido e perdido



     "Stop all the clocks, cut off the telephone.
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum...

Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling in the sky the message He is Dead,
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever, I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun.
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good."
--Funeral Blues

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Uma pérola de Antonino Pagliaro



  "Também palavras são uma espécie de conchas, às quais temos de encostar o ouvido com humilde atenção, se quisermos apreender a voz que dentro delas ressoa." (citado por Evanildo Bechara em sua Moderna Gramática Portuguesa).

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Como Anne Elliot

                    Oscar Wilde disse certa vez que ser-nos ia mais fácil dizer a verdade estando com uma máscara. Decidida a experimentar uma existência como a de uma personagem de Jane Austen, sentia-se impelida a ser o que sempre desejara. Segura de suas convicções, sem deixar a ternura de lado e sem a constante preocupação sobre como as outras pessoas a viam. Vivemos em uma sociedade em que os sentimentos e intimidades são perscrutados incessantemente, fronteiras do bom senso esquecidas. Agora, mascarada, escolhera esquecer-se disso e ser alegre e igualmente admirada ou desprezada, sem deixar-se abater. Anne, de Persuasão, não tinha a beleza e a influência familiar das irmãs, mas  (ou talvez exatamente por isso), sua personalidade se destacava pela força e pela sensibilidade. Invisível, tornara-se necessária pela doçura e afabilidade. Queria ser Anne e agora não se sentia à altura. O exercício de ser personagem cravara em seu corpo saudosas marcas de pureza e sinceridade infantis. Estava outra.

domingo, 1 de setembro de 2013

Crônica de uma amante literária

                    Acordou querendo ser outra. Porque não abraçar várias personagens num mesmo dia? Afina, acostumara-se a ler mais de dois livros por vezes - sempre buscando que a lista diminuísse. Esqueci de contar este detalhe . Tinha uma lista dos livros que não poderia deixar de ler durante sua existência. Precisava, assim, ler pelo menos dois ao mesmo tempo, senão não conseguiria. O pior é que acrescentava um a cada mês. Então, acordara desejando ser uma das heroínas de Jane Austen. E por que não duas? Precisava só de imaginação para unir suas favoritas: Anne (de Persuasão) e Elizabeth (de Orgulho e preconceito). Da primeira começaria por não se deixar persuadir de suas opiniões se pensasse estar certa e da segunda, as palavras espirituosas e firmes. Não parecia assim difícil. Amava o século XIX. Tudo parecia tão mais real - as relações, os sentimentos... O terceiro livro da cabeceira era A civilização do espetáculo, de Vargas Llosa. Percebia que o fluxo intenso de informações tornara tudo muito efêmero; parece não haver espaço para o pensamento e o exercício de digestão do novo. Os diálogos se tornaram mais rápidos, menos elaborados (se é que me entende). Por isso, amava os romances daquele século. As personagens sentavam ou caminhavam e conversavam. Estava decidida. Seria por um tempo esta conjugação das duas protagonistas favoritas. Será que haveria lugar para elas hoje? Conto depois o desenlace.

Qual sua personagem favorita? II

O Rouxinol... O Rouxinol e a Rosa é um adorável conto infantil do querido Oscar Wilde. O pássaro tão cantado pelos poetas personifica um ve...