quinta-feira, 31 de outubro de 2013

os 'Milagres' de Whitman


 "Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa de especial?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres:
ou ande eu pelas ruas de Manhattan,
ou erga a vista sobre os telhados
na direção do céu,
ou pise com os pés descalços
bem na franja das águas pela praia,
ou fale durante o dia com uma pessoa a quem amo,
ou vá de noite para a cama com uma pessoa a quem
                                                                                     /amo,
ou à mesa tome assento para jantar com os outros,
ou olhe os desconhecidos na carruagem
de frente para mim,
ou siga as abelhas atarefadas
junto à colmeia antes do meio-dia de verão
ou animais pastando na campina
ou passarinhos ou a maravilha dos insetos no ar,
ou a maravilha de um pôr-de-sol
ou das estrelas cintilando tão quietas e brilhantes,
ou o estranho contorno delicado e leve
da lua nova na primavera,
essas e outras coisas, uma e todas
— para mim são milagres,
umas ligadas às outras
ainda que cada uma bem distinta
e no seu próprio lugar.

Cada momento de luz ou de treva
é para mim um milagre,
milagre cada polegada cúbica de espaço,
cada metro quadrado da superfície da terra
por milagre se estende, cada pé
do interior está apinhado de milagres.

O mar é para mim um milagre sem fim:
os peixes nadando, as pedras,
o movimento das ondas,
os navios que vão com homens dentro
— existirão milagres mais estranhos?"


Por sugestão de Elisabeth Pinto, este presente de Walt Whitman

'Os Miseráveis', de Hugo



      " Fazer um poema da consciência humana, mas não a respeito de um só homem, e ainda dos homens o mais ínfimo, seria fundir todas as epopeias numa epopeia superior e definitiva. A consciência é o caos das quimeras, das ambições e das tentativas(...)é  o campo de batalha das paixões. Penetrai, a certas horas, através da face lívida de um ser humano, e olhai por trás dela, olhai nessa alma, olhai nessa obscuridade. Há ali, sob a superfície límpida do silêncio exterior, combates gigantes como em Homero, brigas de dragões e hidras, e nuvens de fantasmas, como em Milton(...)."

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

um santo pensador

                    Santo Agostinho foi um incansável estudioso da alma humana e a leitura de suas Confissões permite que conheçamos também mais um pouco de nós e da razão de termos vindo à vida.


                        "Dois homens olharam através das grades da prisão: um viu a lama, o outro as estrelas."

domingo, 27 de outubro de 2013

Uma tarde com Walt Whitman

                       "Aprendi que é suficiente estar com aqueles de quem gosto."

                      "Eu sou contraditório, eu sou imenso. Há multidões dentro de mim."



                 Visitar os textos clássicos é exercício de conhecimento de si e do mundo.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

16 de outubro de 1854

 Há exatos 159 anos nascia Oscar Wilde na Irlanda e a cena literária ganharia um de seus mais devotados discípulos. Ele viveria da arte, pela arte e se eternizaria como texto.
 
Minha história com Wilde data de poucos trinta anos, quando ainda adolescente li pela primeira vez seus contos infantis. O rouxinol e a rosa - até hoje o meu favorito - arrancaria dolorosas lágrimas e aguçaria a curiosidade pelo autor que ousara imaginar algo tão singelo e profundo. Pois bem, a partir daí, nunca mais nos deixamos - Wilde e eu. Li e reli toda a sua obra e a cada vez me surpreendo com um detalhe que passara sem que eu percebesse, como que para obrigar-me a voltar.
 
Era um trocista e ainda troça comigo. Aceito, com deleite infantil, o jogo e ele me devolve o encantamento, acompanhando meus momentos alegres, tristes, tensos e relaxantes. A escrita wildiana para mim é isto- minha companhia querida.

                     

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ao mestre, com carinho

               Era pequena  de estatura, mas sua voz soava forte, clara, precisa, sem deixar de revelar sua delicadeza. Inês. Ensinava literatura brasileira e fazia-nos sonhar  que éramos heróis e heroínas prontos para conquistar o mundo. Da mesma forma que os inúmeros personagens que nos dava a conhecer. O tempo não passava com Inês e o sinal para troca de professores era sempre recebido com estridentes vaias - o que nos custava por vezes o recreio! E lá se ia Inês, deixando um rastro de alegria.
                Pergunto-me hoje se ela teria ideia de tudo que fez por nós. Talvez não. Aquele que semeia o bem parece não enxergar  por vezes o alcance de suas ações. Cabe a quem pelos frutos reconhece o valor de um bom professor fazê-lo.
                 Homenageio hoje cada  adorável Inês que fez minha vida mais bela e me encantou com sua persistência e doçura.

Qual sua personagem favorita? II

O Rouxinol... O Rouxinol e a Rosa é um adorável conto infantil do querido Oscar Wilde. O pássaro tão cantado pelos poetas personifica um ve...