sexta-feira, 25 de julho de 2014

Père Lachaise*

                         
                        A esfinge, descansada, guardava a personagem que ganhara vida e jazia, agora, ali, inerte,
                        "Conheça-te a ti mesmo", sussurra. "A personagem conheceu, na arte da dor, o valor da vida. Vai tu e consolida o sonho do texto."
                        As folhas das árvores pareciam bater palmas. Fotografei o momento da imaginação convidando para o real transformado pela escrita. O real impregnado de Arte. O real do contra-senso, do paradoxal. O meu real, agora.



                         Com uma singela homenagem a meu escritor favorito, cumprimento a todos os que, chamados para a dança com as palavras, abraçam carinhosamente seus leitores nas linhas dos textos.
                          FELIZ DIA DO ESCRITOR!!!




*Cemitério, em Paris, onde foi enterrado Oscar Wilde.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Suassuna

"Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.".
 
 
                       Ariano Suassuna mesclou alegria e crítica como poucos e trouxe um frescor à literatura brasileira que persistirá em textos verdadeiramente artísticos. A delicadeza de 'O auto da Compadecida' faz uma homenagem a um povo lutador que tropeça e retorna inúmeras vezes para o caminho, sempre na esperança de dias melhores.
                       Quaisquer palavras ditas ou escritas sobre um autor como ele não dariam conta da influência na vida de tantos leitores. Por isso, não me estenderei e deixarei nossa especial palavra, única, portuguesa: SAUDADE!

sábado, 12 de julho de 2014

Celebrando o aniversário de Neruda...Saudade

Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.

Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.

Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
Pablo Neruda, in "Crepusculário"

Ainda Hugo Mãe

poema sobre o amor eterno

inventaram um amor eterno. trouxeram-no em braços para o meio das pessoas e ali ficou, à espera que lhe falassem. mas ninguém entendeu a necessidade de sedução. pouco a pouco, as pessoas voltaram a casa convictas de que seria falso alarme, e o amor eterno tombou no chão. não estava desesperado, nada do que é eterno tem pressa, estava só surpreso. um dia, do outro lado da vida, trouxeram um animal de duzentos metros e mil bocas e, por ocupar muito espaço, o amor eterno deslizou para fora da praça. ficou muito discreto, algo sujo. foi como um louco o viu e acreditou nas suas intenções. carregou-o para dentro do seu coração, fugindo no exacto momento em que o animal de duzentos metros e mil bocas se preparava para o devorar
valter hugo mãe, in 'contabilidade'

sábado, 5 de julho de 2014

Hugo Mãe e a desumanização

                        Por vezes, alguns livros levam o leitor a nocaute. Assim foi comigo e 'A desumanização' de Valter Hugo Mãe. Partindo do cenário frio da Islândia, ele acompanha a poética  trajetória de Halla, após a morte da irmã gêmea. As palavras têm uma beleza plástica que conquistam e emocionam. Abaixo, um trecho:

"A beleza é sempre alguém,no sentido em que ela se concretiza apenas pela expectativa da reunião com o outro." (p.42)

Qual sua personagem favorita? II

O Rouxinol... O Rouxinol e a Rosa é um adorável conto infantil do querido Oscar Wilde. O pássaro tão cantado pelos poetas personifica um ve...