sábado, 28 de janeiro de 2017

Clássico

Os duzentos e quatro anos, hoje, de Orgulho e preconceito, de Jane Austen chamam à uma constante indagação: o que faz com que um texto se torne um clássico? A identificação com as personagens mesmo nas diferentes gerações; a linguagem que atinge os corações de épocas diversas; os temas que parecem eternos às almas?
Há pouco vi uma notícia que não me surpreendeu: as pessoas estão recorrendo aos clássicos da literatura como terapia, relaxamento da mente. Já disse uma amigo há algum tempo: com literatura, consultórios de psicologia estariam mais vazios. É clássico. Ler torna-nos a todos mais tolerantes, mais abertos, mais destemidos. Clássico. Claro!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

E mais um pouco de musicalidade...

" Ama o teu ritmo e ritma suas ações sob sua lei, bem como seus versos;
Você é um universo de universos e a alma, uma fonte de músicas."

Rubén Darío

E no meu passo, eu vou...de verso em verso, escrevendo-me a cada dia.

Arte em comum

"A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria.".
Ludwig van Beethoven

A musicalidade das palavras produz o efeito catártico cantado pelos gregos. A nobreza da Música e o conjunto harmonioso das letras são capazes de penetrar a alma humana e escrutinar segredos, desejos e sonhos escondidos. Quando as artes se encontram, cada indivíduo ganha um pouco mais do conhecimento de si.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

E Van Gogh encontra Wilde...

"(,,,)Ele despira a túnica vermelha;
mas sangue púrpuro, encarnado,
sangue e vinho das mãos lhe gotejavam,
quando o viram, alucinado,
junto do leito dela, - o seu amor,
seu pobre amor apunhalado.

Ia andando entre os mais, e era cinzento
o traje velho que vestia.
Usava um gorro às listas, e o seu passo
ligeiro e alegre parecia.
Porém eu nunca vi homem que olhasse,
tão anelante, a luz do dia.

Jamais, jamais vi homem contemplar,
com tão profundo sentimento,
essa breve, essa estreita faixa azul
que os presos chamam firmamento:
e as nuvens brancas, velas cor de prata,
vogando no ar, flutuando ao vento!

Eu, com outras almas angustiadas, ia
andando em pátio separado,
a cismar qual o crime, grande ou leve,
por que o teriam condenado,
- quando alguém sussurrou atrás de mim:
"vão pendurar esse coitado!"(...)"




Anos os separam. A Arte, no entanto, permite estes encontros que desafiam o tempo e o espaço. Prisioneiros em Arles, de 1890 poderia ser ilustração para  A Balada da Prisão de Reading, de 1897. O olhar do prisioneiro em destaque traz a dor que Wilde quis retratar.



 


Manoel de Barros, moderno

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Qual sua personagem favorita? II

O Rouxinol... O Rouxinol e a Rosa é um adorável conto infantil do querido Oscar Wilde. O pássaro tão cantado pelos poetas personifica um ve...