"(,,,)Ele despira a túnica vermelha;
mas sangue púrpuro, encarnado,
sangue e vinho das mãos lhe gotejavam,
quando o viram, alucinado,
junto do leito dela, - o seu amor,
seu pobre amor apunhalado.
Ia andando entre os mais, e era cinzento
o traje velho que vestia.
Usava um gorro às listas, e o seu passo
ligeiro e alegre parecia.
Porém eu nunca vi homem que olhasse,
tão anelante, a luz do dia.
Jamais, jamais vi homem contemplar,
com tão profundo sentimento,
essa breve, essa estreita faixa azul
que os presos chamam firmamento:
e as nuvens brancas, velas cor de prata,
vogando no ar, flutuando ao vento!
Eu, com outras almas angustiadas, ia
andando em pátio separado,
a cismar qual o crime, grande ou leve,
por que o teriam condenado,
- quando alguém sussurrou atrás de mim:
"vão pendurar esse coitado!"(...)"
Anos os separam. A Arte, no entanto, permite estes encontros que desafiam o tempo e o espaço. Prisioneiros em Arles, de 1890 poderia ser ilustração para A Balada da Prisão de Reading, de 1897. O olhar do prisioneiro em destaque traz a dor que Wilde quis retratar.
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