quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Como Anne Elliot
Oscar Wilde disse certa vez que ser-nos ia mais fácil dizer a verdade estando com uma máscara. Decidida a experimentar uma existência como a de uma personagem de Jane Austen, sentia-se impelida a ser o que sempre desejara. Segura de suas convicções, sem deixar a ternura de lado e sem a constante preocupação sobre como as outras pessoas a viam. Vivemos em uma sociedade em que os sentimentos e intimidades são perscrutados incessantemente, fronteiras do bom senso esquecidas. Agora, mascarada, escolhera esquecer-se disso e ser alegre e igualmente admirada ou desprezada, sem deixar-se abater. Anne, de Persuasão, não tinha a beleza e a influência familiar das irmãs, mas (ou talvez exatamente por isso), sua personalidade se destacava pela força e pela sensibilidade. Invisível, tornara-se necessária pela doçura e afabilidade. Queria ser Anne e agora não se sentia à altura. O exercício de ser personagem cravara em seu corpo saudosas marcas de pureza e sinceridade infantis. Estava outra.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Qual sua personagem favorita? II
O Rouxinol... O Rouxinol e a Rosa é um adorável conto infantil do querido Oscar Wilde. O pássaro tão cantado pelos poetas personifica um ve...
-
O silêncio celebrado no filme O artista , de Michel Hazanavicius, reaqueceu a lembrança de um ...
-
Guardamos memórias em fotos, cartas, objetos, mas, o tempo, este inexorável amigo, corrói, deteriora. As retinas, no entanto, vêm em socorro...
-
"O que ocorre, de fato, é que, quando me olho no espelho, em meus olhos olham olhos alheios; quando me olho no espelho não vejo o mundo...
Interessante esse emaranhado que vc faz nessa teia literária, incorporando personagens e assim, sentindo-os de maneira viva.
ResponderExcluir