domingo, 1 de setembro de 2013

Crônica de uma amante literária

                    Acordou querendo ser outra. Porque não abraçar várias personagens num mesmo dia? Afina, acostumara-se a ler mais de dois livros por vezes - sempre buscando que a lista diminuísse. Esqueci de contar este detalhe . Tinha uma lista dos livros que não poderia deixar de ler durante sua existência. Precisava, assim, ler pelo menos dois ao mesmo tempo, senão não conseguiria. O pior é que acrescentava um a cada mês. Então, acordara desejando ser uma das heroínas de Jane Austen. E por que não duas? Precisava só de imaginação para unir suas favoritas: Anne (de Persuasão) e Elizabeth (de Orgulho e preconceito). Da primeira começaria por não se deixar persuadir de suas opiniões se pensasse estar certa e da segunda, as palavras espirituosas e firmes. Não parecia assim difícil. Amava o século XIX. Tudo parecia tão mais real - as relações, os sentimentos... O terceiro livro da cabeceira era A civilização do espetáculo, de Vargas Llosa. Percebia que o fluxo intenso de informações tornara tudo muito efêmero; parece não haver espaço para o pensamento e o exercício de digestão do novo. Os diálogos se tornaram mais rápidos, menos elaborados (se é que me entende). Por isso, amava os romances daquele século. As personagens sentavam ou caminhavam e conversavam. Estava decidida. Seria por um tempo esta conjugação das duas protagonistas favoritas. Será que haveria lugar para elas hoje? Conto depois o desenlace.

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