quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A vida imita a arte

                     Em Palavras para um novo milênio (um dos discursos reunidos no livro Eu não vim fazer um discurso), Gabriel Garcia Márquez, indagando da utilidade prática e continuidade dos inúmeros encontros de intelectuais que se sucedem ano após ano, comenta da intrigante Clemência Isaura.
                       Fundadora dos Jogos Florais de Toulouse, mais antigo dos encontros poéticos, "instaurado há seiscentos e sessenta anos", foi uma "mulher inteligente, empreendedora e bela", que nunca existiu. Continua o Nobel de Literatura dizendo  que "sua própria inexistência é uma prova a mais do poder criador da poesia, pois em Toulouse existe uma tumba de Clemência Isaura na igreja de Dourada e uma rua com seu nome e um monumento em sua memória.".
                        O que leva um grupo de trovadores a assumir uma personagem para a vida real? Seria esta musa imaginada a força que precisavam para que a escrita se perpetuasse? A simulação foi tão perfeita que os amantes da letra, certamente admiradores dos poetas, assumiram como verdadeira a existência de Clemência, elevando-a a patrimônio cultural a ser admirado e seguido.
                         Esta personagem de ficção trazida à vida é prova da irresistível vontade de continuidade histórica para a reunião destes homens e mulheres dedicados ao ofício misterioso e solitário da escrita

Um comentário:

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