sexta-feira, 21 de março de 2014

Ainda o dia internacional da poesia

AUSÊNCIA
                  por Carlos Drummond de Andrade


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.



Aos poetas somos devedores. Eles, como ninguém, descortinam nossos segredos e nos fazer saber mais de nós.


Um comentário:

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