Guardamos memórias em fotos, cartas, objetos, mas, o tempo, este inexorável amigo, corrói, deteriora. As retinas, no entanto, vêm em socorro e resgata - às vezes, com custo - lembranças queridas e trazem sabores à boca, perfumes, ao nariz, sorrisos, toques à mente, fazendo-nos reviver instantes como se os ponteiros do relógio combinassem uma pausa restauradora.
Na memória das minhas retinas, tenho de volta a gargalhada de minha mãe em nossa última viagem. A foto, perdida. O som, a efusão do sentimento daquele dia ainda fresco no fechar dos olhos. Acho que prefiro assim. O histórico destas lembranças armazenado no disco rígido da mente amorosa vai comigo para onde eu for. Para sempre.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
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