Indicação de leitura

Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, de Mia Couto, lembra uma fábula, como que contada ao redor da fogueira numa noite de inverno. A linguagem peculiar do escritor desnuda os segredos de Mariano e sua volta à Ilha de Luar-do-Chão para o possível enterro do avô. Possível porque Dito Mariano insiste em ficar. O jovem recupera o amor pela terra natal enquanto convive com as personagens surpreendentes de sua família.

Lágrimas

As lágrimas custam a rolar. Sentem saudades de mim - sempre tão sensível. Temo ter-me acostumado... Isto seria um desastre. A lágrima me situa. Sem ela, perco a capacidade de me ultrajar, amedrontar, compadecer.
Rola uma agora...Volto a mim.

Hoje...silêncio

No silêncio da tarde, volto-me a mim. Separei-me de mim há tempo demais. Rodeada de ruídos deixei-me levar. Agora...não. É tempo de silenciar...para recomeçar. Tudo muito veloz...deixa escapar a virtude de só estar...em si. A companhia de si deve ser agradável e convidativa. Por hoje, é a escolha.

Para hoje, mais de Cortázar

"Creio que, desde muito pequeno, minha infelicidade, e ao mesmo tempo
minha felicidade, foi não aceitar as coisas com facilidade. Não me
bastava que explicassem ou afirmassem algo. Para mim, ao contrário, em
cada palavra ou objeto começava um itinerário misterioso que às vezes me
esclarecia e às vezes chegava a me estilhaçar"

"Em suma, desde pequeno, minha relação com as palavras, com a escrita,
não se diferencia de minha relação com o mundo no geral. Eu pareço ter nascido para não aceitar as coisas tal como me são dadas."

Um perfeito cavalheiro

UM CAVALHEIRO EM MOSCOU é uma dessas gratas surpresas. Num ambiência quase claustrofóbica, Towles consegue fazer deslizar uma narrativa que prende o leitor, capta sua atenção, sem entediá-lo. A leitura é fluida e o Conde Rostov, uma personagem marcante e cativante.

Dentro do livro

Fechou os olhos e fez-se pequena, aninhando-se na página. O aroma convidativo da folha lembrava relva fresquinha. Que paz! Havia aprendido a fuga do real para sobreviver aos assaltos do cotidiano. Afinal, a vida é a vivida na mente e na imaginação tanto quanto no mundo concreto. Pronto! Grande novamente e...avante.

Time

Sempre fui fascinada por ampulhetas. A ideia do controle do tempo atrai mesmo em sua impossibilidade. As horas, os dias e anos escorrem e se evanescem, mesmo comigo no mesmo lugar. Olhar o movimento do tempo... e saber que o que se tem de fato é um segundo.

Cortázar, desafiador

Nesse tempo, já me dera conta de que procurar era minha sina, emblema de todos aqueles que saem à noite sem qualquer finalidade exata, razão de todos os destruidores de bússolas.

O ser humano busca. Sempre a caminho.

10 de maio

Querida amiga,
partilhou meus sucessos, minhas tristezas, minha saúde e as doenças. Você é , como diria Richard Bach, alguém que nunca faz aniversário porque sempre existiu. Aproveito a data para agradecer, publicamente, seu incentivo. 23 anos não são 23 dias. Minha personalidade tímida nunca me permitiu a verdade de sentimentos pela oralidade. A escrita, porém, vem em meu socorro. Obrigada, Elisabeth Pinto, primeiramente aluna e depois e, melhor, amiga. Muitos anos de vida.

CONHECE-TE A TI MESMO

Sócrates propõe algo dificílimo. Conhecer-nos seria penetrar na obscuridade do ser, invadir nossos pensamentos mais secretos e desejos mais íntimos. O que encontraríamos? Quereríamos bondade e bons propósitos. E isso é ótimo. Procurar adentrar o interior e entregar-se à força do Bem e da harmonia é um ideal.

Dia do livro infantil

Era tímida e o livro me salvava de certos encontros de socialização não desejados. Entendam-me, era alegre e comunicativa, porém, gostava de momentos a sós e a escola não me permitia muito nos horários de recreio. Eu tinha que estar em uma das brincadeiras ou conversas de menina. O livro surgiu assim, primeiramente, como uma desculpa. Tornou-se, depois, imprescindível. Hoje, perto ou longe dos amigos, tenho sempre um livro comigo - companhia nunca recusada.
Às crianças, hoje, desejo muitos sonhos com as letras e muitas aventuras nas páginas.

A verdade de si

Não é fácil analisar-se. A literatura, ao longo dos anos, me tem ajudado. Sou muitas e, ás vezes, nenhuma. Reconheço-me em um sorriso, em um olhar, em uma frase, em uma página. Não me vejo sem ser neste outro, que inúmeras vezes me julga. Há escritores que me agitam interiormente e me pressionam. Oscar Wilde sempre foi um destes. Contestando e inspirando.
A verdade de si? Minha missão neste mundo? Deus sabe. Eu busco caminhar na letra, às apalpadelas, por entre risos e lágrimas, sucessos e fracassos.

Hoje, para mim

Ser tolerante consigo mesmo não é fácil. Talvez seja mais complexo do que ser om o outro. Cansamo-nos de nós mesmos om uma facilidade atroz. Indulgência... é o que precisamos. Paciência com os erros e poucos acertos. Caridade nos tropeços. Esperança na vontade.

Foucault, once more

What strikes me is the fact that in our society, art has become something which is only related to objects, and not to individuals, or to life. 

Foucault on a rainy day

Discipline may be identified neither with an institution nor with an apparatus; it is a type of power, a modality for its exercise, comprising a whole set of instruments, techniques, procedures, levels of application, targets; it is a 'physics' or 'anatomy' of power, a technology.
Read more at: https://www.brainyquote.com/authors/michel_foucault

Wilde, lúcido

O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.

Zygmunt Bauman, hoje.

Há dois valores essenciais que são absolutamente indispensáveis para uma vida satisfatória, recompensadora e relativamente feliz. Um é segurança e o outro é a liberdade. Você não consegue ser feliz, você não consegue ter uma vida digna na ausência de um deles, certo?

Segurança sem liberdade é escravidão e liberdade sem segurança é um completo caos, incapacidade de fazer nada, planejar nada, nem mesmo sonhar com isso. Então você precisa dos dois.

Para hoje: Santo Agostinho

• Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência.  
• Não basta fazer coisas boas - é preciso fazê-las bem.

Edgar Morin, lúcido.

"...compreender não só aos outros como a si mesmo, a necessidade de se autoexaminar, de analisar a autojustificação, pois o mundo está cada vez mais devastado pela incompreensão, que é o câncer do relacionamento entre seres humanos."

Poe, hoje

Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho.

Os que sonham de dia são conscientes de muitas coisas que escapam aos que sonham apenas pela noite.

Disse o Corvo, “Nunca mais.”

Caminheiro II

Enxugo o suor do rosto cansado.
Afrouxo o passo.
desato os nós dos sapatos.
Vida renhida...
Suave e sofrida.
Não deixa descansar da lida.

Sacode a poeira, Caminheiro.
Para não que a noite chega...

Mr Vertigo, Paul Auster

Paul Auster surpreende mais uma vez. A linguagem empregada em Mr Vertigo lembra mim a de Salinger em O apanhador no campo de centeio. Seu Walt é cínico, rude e, encantadoramente, humano.
Leitura imperdível.

Indicação de leitura

ATLAS, de Jorge Luis Borges, garantirá ao leitor um périplo labiríntico e irrecusável.  O argentino condensa emoções,  informações e cultura no espaço de um Globo caseiro. Num tom de intimidade com o leitor, Borges avança por lugares reais e de sonho induzindo à reflexão.
Imperdível! !!

ESTRELAS

Borges diz da 'álgebra das estrelas' e imagino a escrita de Oscar Wilde assim.  Matematicamente arquitetada para brilhar e...fazer brilhar  (já que, ao leitor é oferecida a luminosidade que as palavras podem adquirir).

Escrita de alma

Sempre fui curiosa e isso me levou...longe. Não geograficamente, temo dizer. Mas,...na imaginação acho que sou quase imbatível. Vejo moinhos, cavaleiros andantes, donzelas em risco, amores impossíveis, juventude eterna e...claros sorrisos. Sonhadora. Este é o meu destino final. De sonho não se escapa e nem se chega ao ponto final. Futuro incerto. Presente aberto. As letras dançam a minha frente e desenham o rumo e minha mente se rende. Escrever para não morrer.