sábado, 23 de março de 2013

O brilho da letra

                   Maurice Blanchot em A parte do fogo diz que "a poesia, pela ruptura que produz, pela tensão insustentável que cria, só pode desejar a ruína da linguagem, mas esta ruína é a única chance que ela tem de se realizar, de se tornar completa, às claras, sob os dois aspectos, sentido e forma, sem os quais é apenas longínquo esforço em direção a si mesma.".  Penso aqui no momento em que Jorge Luis Borges, cego, deixa os contos e ensaios voltando-se para a poesia. Momento de cisão. O fogo, ardente, da letra ganhará um brilho novo, interior, particular. O argentino abraça a poesia para reviver o bailado das palavras, insubmissas, agora também em sua mente.

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