sábado, 26 de janeiro de 2013

O canto do sertão

                A poesia musical de Cante lá que eu canto cá de Patativa do Assaré,obra publicada pela Editora Vozes, revela a face do sertanejo forte de que nos falou Euclides da Cunha. Força aparente nos textos recheados de compaixão,que contam a fragilidade humana, compreendendo-a e,ao mesmo tempo, celebrando superação diária.Com uma linguagem autêntica, apresenta-se como:

                     "   (...)
                        um caboclo rocêro,
                        sem letra e sem istrução;
                        O meu verso tem o chêro
                        Da poêra do sertão
                        (...)
                        Dêste jeito Deus me quis(...)"

 E mais adiante, em diálogo com outros artistas, no poema que dá título ao livro, diz:

                        "(...)
                        Repare que a minha vida
                        É deferente da sua
                        A sua rima pulida
                        Nasceu no salão da rua.
                        Já eu sou bem deferente,
                        Meu verso é como simente
                        Que nasce inriba do chão;
                        Não tenho estudo nem arte,
                        A minha rima faz parte
                        Das obras da Criação
                        (...)"

Do encontro com este artista do povo, o leitor pode depreender um contentamento descontente. À alegria e ser nordesntino, soma-se a suave dor advinda da luta por melhores condições. O leitor de Patativa do Assaré desejará, ao final do livro, cantar junto dele a arte da vida.
                      

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