"A única sabedoria que uma pessoa pode esperar adquirir é a sabedoria da humildade."
T. S. Eliot
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Bakhtin, para hoje
"O que ocorre, de fato, é que, quando me olho no espelho, em meus olhos olham olhos alheios; quando me olho no espelho não vejo o mundo com meus próprios olhos desde o meu interior; vejo a mim mesmo com os olhos do mundo - estou possuído pelo outro".
Mikhail Bakhtin chama a atenção para o papel do outro para nós. Nossas indagações, sonhos, desejos, passam pela mediação deste outro que convive comigo, que se relaciona comigo, que caminha comigo.
Mikhail Bakhtin chama a atenção para o papel do outro para nós. Nossas indagações, sonhos, desejos, passam pela mediação deste outro que convive comigo, que se relaciona comigo, que caminha comigo.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Otto Maria Carpeaux e o objetivo da arte
"A arte alcança sempre a finalidade que não tem."
Otto Maria Carpeaux
Seria a finalidade da arte ser de alguma utilidade? Diria Oscar Wilde que não. A obra artística não deveria estar a serviço de nada que lhe roubasse a liberdade de expressão.
Contudo, ela nos é tão 'útil'! Quantas vezes um personagem nos fez companhia e foi resposta para algumas questões? Carpeaux tem razão.
Otto Maria Carpeaux
Seria a finalidade da arte ser de alguma utilidade? Diria Oscar Wilde que não. A obra artística não deveria estar a serviço de nada que lhe roubasse a liberdade de expressão.
Contudo, ela nos é tão 'útil'! Quantas vezes um personagem nos fez companhia e foi resposta para algumas questões? Carpeaux tem razão.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
A verdade de si
"Pensei o quanto desconfortável é ser trancado do lado de
fora; e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de
dentro." Virginia Woolf
O indivíduo se comunica. Esta é uma 'função' da qual não pode escapar. Comunica-se consigo mesmo e com o outro, traçando assim a linha de sua existência.
fora; e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de
dentro." Virginia Woolf
O indivíduo se comunica. Esta é uma 'função' da qual não pode escapar. Comunica-se consigo mesmo e com o outro, traçando assim a linha de sua existência.
Trans-formação
Há quem colecione selos, moedas ou objetos antigos...Eu coleciono histórias. Certo. Alguém poderia dizer: ora, qualquer colecionador coleciona histórias. As moedas, os relógios, os selos, as caixas remontam tempos felizes ou difíceis de uma família, uma cidade ou uma nação. Sim. No entanto, as histórias que coleciono vêm de um sorriso, um olhar, uma palavra. Olho pessoas durante o dia e basta um gesto para, em minha imaginação, eu tecer sua história de vida presente e futura. Assim, compus coletâneas em minha mente que, às vezes escorregam para o papel. Uma delas se formou numa manhã chuvosa, um daqueles dias convidativos de ócio.
A caminho do trabalho, dirijo sem a pressa habitual. Sinal fechado. Para atravessar, uma menina de seus 11 anos (não mais), mochila nas costas e uma camiseta com a impactante frase de Fernando Pessoa - Tenho em mim todos os sonhos do mundo. Sera que aquela garotinha teria ideia da intensidade daquelas palavras? Passando perto do meu carro, olhou-me e sorriu. Sorriso de luz. Continuou, sem voltar a cabeça para trás. Decerto ela sabia. Descobrira cedo o segredo que eu havia esquecido há anos.
Não pude seguir para o trabalho. Qual carreira ela seguiria? Seria médica...ou professora. Não...advogada. Ou diplomata. Viajaria o mundo; criaria campanhas por melhores condições de saneamento, educação, saúde. Começaria pelos países em maior necessidade. Ouviria pessoas que muitos esqueceram. Aquele brilho alcançaria vidas já sem esperança. Escolheria ter uma família numerosa? O brilho não seria menor, por certo. Seria amorosa conselheira e todos a ela acorreriam com suas alegrias ou tristezas.
Sua história seria de luta, de desafios... Uma certeza, porém, eu tive a partir a fantasia que criei em torno da camiseta e do sorriso. Ali na rua, aqueles segundos em que nossos olhares se cruzaram foram de eternidade e operaram uma mudança em mim. Mudança muito minha. Só minha. E ela nunca saberia.
A caminho do trabalho, dirijo sem a pressa habitual. Sinal fechado. Para atravessar, uma menina de seus 11 anos (não mais), mochila nas costas e uma camiseta com a impactante frase de Fernando Pessoa - Tenho em mim todos os sonhos do mundo. Sera que aquela garotinha teria ideia da intensidade daquelas palavras? Passando perto do meu carro, olhou-me e sorriu. Sorriso de luz. Continuou, sem voltar a cabeça para trás. Decerto ela sabia. Descobrira cedo o segredo que eu havia esquecido há anos.
Não pude seguir para o trabalho. Qual carreira ela seguiria? Seria médica...ou professora. Não...advogada. Ou diplomata. Viajaria o mundo; criaria campanhas por melhores condições de saneamento, educação, saúde. Começaria pelos países em maior necessidade. Ouviria pessoas que muitos esqueceram. Aquele brilho alcançaria vidas já sem esperança. Escolheria ter uma família numerosa? O brilho não seria menor, por certo. Seria amorosa conselheira e todos a ela acorreriam com suas alegrias ou tristezas.
Sua história seria de luta, de desafios... Uma certeza, porém, eu tive a partir a fantasia que criei em torno da camiseta e do sorriso. Ali na rua, aqueles segundos em que nossos olhares se cruzaram foram de eternidade e operaram uma mudança em mim. Mudança muito minha. Só minha. E ela nunca saberia.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Para Wilde - 115 anos depois
O dia 30 de novembro marca o fim do percurso de Oscar Wilde como cidadão do mundo. A eternidade de seus textos, porém, têm incentivado e encorajado inúmeros aventureiros da escrita ao caminho que leva à Arte.
O sonho wildiano de eleitos optando pelo ócio que inspira a criatividade, com o pensamento desapegado de ilusões de poder e, portanto, livre para ser tudo a que está destinado.
Oscar, assim como gostava de ser chamado pelos amigos, seu sonho permanece em todos os que têm a alegria de ler seus textos.
O sonho wildiano de eleitos optando pelo ócio que inspira a criatividade, com o pensamento desapegado de ilusões de poder e, portanto, livre para ser tudo a que está destinado.
Oscar, assim como gostava de ser chamado pelos amigos, seu sonho permanece em todos os que têm a alegria de ler seus textos.
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
Viagem 3
Imagino-me no Dicionário de lugares imaginários, de Alberto Manguel, e salto de um pais para outro, de uma ilha para o deserto e me encanto de mim. Os olhos estão abertos, não ouso cerrá-los. A visão é deslumbrante e tiro uma pausa no espelho de Alice. Meu rosto é múltiplo. Sou loura, morena, baixa, alta, sorrio e me deixo levar. Acordar agora não.
Ouço um ruído e em segundos estou de volta na mesa de trabalho. Até amanhã.
Ouço um ruído e em segundos estou de volta na mesa de trabalho. Até amanhã.
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
Viagem 2
Caminho pelas ruas de minha cidade e percebo tantas histórias sendo contadas a cada passo . Histórias a que nunca terei acesso, mas que possa imaginar nos rostos dos transeuntes. Sento num desses simpáticos cafés e, como o Des Esseintes de Huysmann, me imagino parte de suas vidas. Sou aquele confidente a quem abrem seus segredos. Escrevo, assim linhas em minha imaginação. Linhas de carne e sangue.
terça-feira, 27 de outubro de 2015
Aristóteles e um segredo da escrita
"Um bom começo é a metade". Aristóteles
A primeira linha...A mais difícil porque a mais ousada. As primeiras palavras são assim destemidas, de uma coragem invejável. Depois delas seguem as tímidas até que no contágio da alegria da aventura, o grupo fica mais homogêneo e as páginas se multiplicam.A primeira linha...
A primeira linha...A mais difícil porque a mais ousada. As primeiras palavras são assim destemidas, de uma coragem invejável. Depois delas seguem as tímidas até que no contágio da alegria da aventura, o grupo fica mais homogêneo e as páginas se multiplicam.A primeira linha...
sábado, 24 de outubro de 2015
Viagem 1
Cá com minhas lembranças, embarco no bonde de emoções que marcaram minha vida nem tão comum. Com a descoberta e aceitação da arte literária, a multiplicidade dominou meu olhar crítico. Um jardim de praça não é só isso, mas um local que pode conter uma passagem secreta para o País das Maravilhas. Em um passeio de barco relembro que viajar é preciso, viver não é preciso. Pessoas queridas que já se foram povoam minha escrita com sua sabedoria.
Fernando Pessoa para o sonhador
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Ser múltiplo é uma garantia que a arte oferece. É pegar ou largar. Depois que se aceita o desafia, o mundo fica tão colorido que a gente esquece de como era antes.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Ser múltiplo é uma garantia que a arte oferece. É pegar ou largar. Depois que se aceita o desafia, o mundo fica tão colorido que a gente esquece de como era antes.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Uma brisa
"Há pensamentos que são orações. Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos."
Victor Hugo
Victor Hugo
domingo, 18 de outubro de 2015
Ode a um amigo
No dia 16 de outubro, nascia na Irlanda Oscar Wilde, que viria a se tornar um amigo nas letras. Por sete anos, minha pesquisa girou em torno deste personagem que, com seu único romance e suas frases de impacto, trouxe uma revolução para os fins do século XIX. Até hoje, seus textos instigantes convidam a uma dança apaixonante com as palavras. Dorian Gray, Salomé, o Príncipe Feliz, Earnest, Windermere e tantos outros desfilam neste palco e chamam a tantos quantos queiram dividir com eles os sonhos de uma escrita que é corpo.
Oscar, como só aos amigos permitia que o chamasse, deixou textos de alegria, ironia, e beleza.
Oscar, como só aos amigos permitia que o chamasse, deixou textos de alegria, ironia, e beleza.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Você é a saudade de quem?
Li esta frase no muro de uma casa quando voltava do trabalho. Fiquei o restante do trajeto imaginando o que teria levado alguém a tal indagação. Profunda e bela. Temos alguém que é saudade para nós e de certo, somos saudade de alguém. Mas, será? Será que enquanto vivo às voltas com as ocupações diárias, distraída com a rotina, alguém, em algum lugar sente falta de mim? O pensamento é atraente e tem um quê de conforto. Tenho saudade de muitas pessoas - algumas que já partiram, outras de quem me afastei pelas circunstâncias. Sentirão saudade de mim onde estão? Hoje quero pensar que neste imenso círculo que é o universo...sim. Sou saudades de alguém, como muitos são a minha saudade.
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
A lição de Mia Couto
"Para que as luzes do outro sejam percebidas por mim devo por bem apagar
as minhas, no sentido de me tornar disponível para o outro."
Nem sempre é fácil parar e procurar enxergar o outro. Esquecemos que ele é parte de nós. Só ele nos vê. As imagens que fazemos de nós são permeadas de ilusões. Deixar a luz do outro brilhar pode significar mais conhecimento de mim.
Nem sempre é fácil parar e procurar enxergar o outro. Esquecemos que ele é parte de nós. Só ele nos vê. As imagens que fazemos de nós são permeadas de ilusões. Deixar a luz do outro brilhar pode significar mais conhecimento de mim.
A poesia do poeta, por Mia Couto
"Quando já não havia outra tinta no mundo o poeta usou do seu próprio sangue.
Não dispondo de papel, ele escreveu no próprio corpo.
Assim, nasceu a voz, o rio em si mesmo ancorado.
Como o sangue: sem voz nem nascente."
Na pele enrugada, nos traços senis, os anos vividos como poesia.
Não dispondo de papel, ele escreveu no próprio corpo.
Assim, nasceu a voz, o rio em si mesmo ancorado.
Como o sangue: sem voz nem nascente."
Na pele enrugada, nos traços senis, os anos vividos como poesia.
sábado, 5 de setembro de 2015
A dor de ver
Os olhos de um artista veem a dor e a alegria ainda na madrugada, antes do amanhecer dos outros. Wilde dizia ser isto um problema. Sem querer discordar do querido amigo que tem acompanhado minhas reflexões por tantos anos, não acho que seja um problema, mas um dom. Que faz sofrer, é verdade, mas que liberta de preconceitos e exercita a tolerância; que incentiva o movimento, a tomada de decisões. O mundo tem caminhado por rotas perigosas nos últimos tempos. O esquecimento do direito do outro, o crescente individualismo, a resistência a encontros frente a frente substituídos por mensagens eletrônicas têm distanciado o olhar. Pinturas, fotos, textos tentam desesperadamente resgatar para todos o dom de ver antes do amanhecer. Para que este novo dia seja novo para todos
Zygmunt Bauman, palavra lancinante
"A preocupação com a administração da vida parece distanciar o ser humano da reflexão moral."
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Borges diz de mim
"Por vezes à noite há um rosto
Que nos olha do fundo de um espelho
E a arte deve ser como esse espelho
Que nos mostra o nosso próprio rosto."
A aventura de escrever levou-me a lugares interiores que não sabia que existiam; escolhi palavras que nunca havia verbalizado; exprimi sentimentos que nunca disse nem a mim mesmo; passei a me conhecer e ainda me descubro a cada vez que as palavras roçam as folhas de papel; mais uma nova de mim.
Que nos olha do fundo de um espelho
E a arte deve ser como esse espelho
Que nos mostra o nosso próprio rosto."
A aventura de escrever levou-me a lugares interiores que não sabia que existiam; escolhi palavras que nunca havia verbalizado; exprimi sentimentos que nunca disse nem a mim mesmo; passei a me conhecer e ainda me descubro a cada vez que as palavras roçam as folhas de papel; mais uma nova de mim.
Mario Vargas Llosa, para pensar
"Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto,
pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias."
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Balzac, hoje
"O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo."
Honoré de BalzacÉ preciso descobrir e redescobrir a cada instante um sentido que motive àquele passo a mais. Sem entusiasmo não se faz arte - o caminho a que todos somos destinados.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Lewis Carroll, desafiador
"Eu... eu... nem eu mesmo sei, nesse momento... eu... enfim, sei quem eu
era, quando me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei
várias vezes desde então."
Alice no País das Maravilhas
Somos muitos durante a vida. A cada dia, situações nos forçam a transformações que geram crescimento, enriquecimento, sabedoria.
Alice no País das Maravilhas
Somos muitos durante a vida. A cada dia, situações nos forçam a transformações que geram crescimento, enriquecimento, sabedoria.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
A ternura de Mia Couto
"Da velhice sempre invejei o adormecer no meio da conversa. Esse descer da pálpebra não é nem idade nem cansaço. Fazer da palavra um embalo é o mais puro e apurado senso de poesia."
Penso nos meus avós e as deliciosas 'cochiladas' bem quando, distraídos, discutíamos algum assunto da atualidade.
Penso nos meus avós e as deliciosas 'cochiladas' bem quando, distraídos, discutíamos algum assunto da atualidade.
Nossos tempos, por Paul Valéry
" Interrupção, incoerência, surpresa são as condições comuns de nossa vida. Elas se tornaram mesmo necessidades reais para muitas pessoas, cujas mentes deixaram de ser alimentadas...por outra coisa que não mudanças repentinas e estímulos constantemente renovados... Não podemos mais tolerar o que dura. Não sabemos mais fazer com que o tédio dê frutos.
Assim, toda a questão se reduz a isto: pode a mente humana dominar o que a mente humana criou?".
A instigante citação inicia o excelente "Modernidade líquida, de Zigmunt Bauman. Estaríamos vivendo o presente de tal forma que nos esqueçamos que haverá um futuro para nossos filhos,netos?
Assim, toda a questão se reduz a isto: pode a mente humana dominar o que a mente humana criou?".
A instigante citação inicia o excelente "Modernidade líquida, de Zigmunt Bauman. Estaríamos vivendo o presente de tal forma que nos esqueçamos que haverá um futuro para nossos filhos,netos?
quarta-feira, 29 de julho de 2015
125 anos da morte de Van Gogh
A noite se formou mais estrelada hoje? Ou foi o persistente brilho daquele quadro que encanta as retinas dos amantes da arte que se quis mais lembrado hoje? Da janela daquele Quarto inúmeros esboços foram imaginados e concretizados junto aos vasos de Girassóis.
Van Gogh olhou o mundo como poucos e nos deu de presente uma perspectiva nova. Como Wilde diria, foi punido porque viu o amanhecer antes de todos os de sua época. A ele, nosso agradecimento e admiração pelas palavras pintadas de encanto.
Van Gogh olhou o mundo como poucos e nos deu de presente uma perspectiva nova. Como Wilde diria, foi punido porque viu o amanhecer antes de todos os de sua época. A ele, nosso agradecimento e admiração pelas palavras pintadas de encanto.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
All we need is patience
"Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência."
Santo Agostinho
Saber-se imperfeito, sujeito a fragilidades, e ainda assim, pronto para batalhas diárias. Paciência. O que a vida corrida de hoje menos nos permite. É preciso parar...e recomeçar.
Santo Agostinho
Saber-se imperfeito, sujeito a fragilidades, e ainda assim, pronto para batalhas diárias. Paciência. O que a vida corrida de hoje menos nos permite. É preciso parar...e recomeçar.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
A pena afiada de Miguel de Cervantes
"A pena é a língua da alma."
Escrever para não morrer; escrever para viver; escrever para sobreviver. Foram tantos os autores que, em algum instante, balbuciaram esta frase. A escrita liberta. O que está dentro e o que está fora; o real e o ideal.
Escrever para não morrer; escrever para viver; escrever para sobreviver. Foram tantos os autores que, em algum instante, balbuciaram esta frase. A escrita liberta. O que está dentro e o que está fora; o real e o ideal.
Mais da ternura de Guimarães
"Deus nos dá pessoas e coisas,
para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer."
Guimarães Rosa
Sem palavras!
para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer."
Guimarães Rosa
Sem palavras!
Azul
para onde
nos atrai
o azul?
Guimarães Rosa
O azul me atrai para a ultrapassagem. Para o além da travessia. Para o que parece não estar lá. Para o além do limite.
nos atrai
o azul?
Guimarães Rosa
O azul me atrai para a ultrapassagem. Para o além da travessia. Para o que parece não estar lá. Para o além do limite.
Schopenhauer, hoje
"Da árvore do silêncio pende seu fruto, a paz."
Arthur Schopenhauer
Silenciar nem sempre é fácil. Especialmente neste mundo de ruídos constantes. Fechar as portas para o exterior, por vezes, é atitude inteligente e necessária para fortificação do espírito .
Arthur Schopenhauer
Silenciar nem sempre é fácil. Especialmente neste mundo de ruídos constantes. Fechar as portas para o exterior, por vezes, é atitude inteligente e necessária para fortificação do espírito .
Castelos
"Se você já construiu castelos no ar, não tenha vergonha deles. Estão onde devem estar. Agora, dê-lhes alicerces."
Henry David ThoreauSempre fui fascinada por castelos. As torres, toda aquela magia sempre escondida atrás de grandes e belas portas mexiam com minha imaginação infantil. Construo castelos até hoje e busco alicerces para que possam ser vistos por meus olhos de carne, no real. Muitos não consegui...Mas, permanecem lindos na mente. À espera...Troca as cores de suas paredes...os móveis de lugar...Um dia...
domingo, 19 de julho de 2015
Para minha irmã
"A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas."
Francis Bacon
No dia da Amizade, quero agradecer seu apoio constante, sua alegria contagiante e sua insistente maneira de acreditar em mim. Obrigada por tudo.
Francis Bacon
No dia da Amizade, quero agradecer seu apoio constante, sua alegria contagiante e sua insistente maneira de acreditar em mim. Obrigada por tudo.
Gratitude
sábado, 18 de julho de 2015
Noite com Valter Hugo Mãe
“Deve nutrir-se carinho por um sofrimento sobre o qual se soube
construir a felicidade, repetiu muito seguro. Apenas isso. Nunca
cultivar a dor, mas lembrá-la com respeito, por ter sido indutora de uma
melhoria, por melhorar quem se é. Se assim for, não é necessário voltar
atrás. A aprendizagem estará feita e o caminho livre para que a dor não
se repita.”
in O filho de mil homens
in O filho de mil homens
quinta-feira, 9 de julho de 2015
O belo ao nosso alcance
"Quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece.".
Franz Kafka Para onde direciono o meu olhar? Aí está a diferença de cada artista. Cabe a nós nos deixarmos envolver nesta teia.
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Demonstrativo
Este não sou eu; sou aquele. Ou seria eu esse que você vê a seu lado. Problemas de identidade. Demonstro-me de maneira difusa, confusa, matreira. Sou um e todos; ninguém e todos os alguéns. Este e aquele. Esse que ri de você agora. Aquele que chora de saudade de mim e de você.
Sou...
Sou...
Poetar
"O amor do poeta é maior que o de nenhum
homem; porque é imenso, como o ideal, que ele compreende, eterno, como o
seu nome, que nunca perece."
Alexandre Herculano Ahh...o poeta. Aquele que diz tudo de nós; que tem a visão da aurora ao anoitecer; que brinca com as palavras e toca os corações.
segunda-feira, 22 de junho de 2015
A arte diz de mim
"Por vezes à noite há um rosto
Que nos olha do fundo de um espelho
E a arte deve ser como esse espelho
Que nos mostra o nosso próprio rosto.". Jorge Luis Borges
Quantas não foram as vezes em que lemos nossos sonhos, desejos, tristezas e alegrias nas páginas dos livros! Assustados, sentimo-nos como invadidos. Mas, não. Somos parceiros da letra; escrevemos os mesmos ideais no dia a dia. Nossos escritores, poetas favoritos são aqueles que nos desnudam com uma palavra - aquela palavra devastadora.
Que nos olha do fundo de um espelho
E a arte deve ser como esse espelho
Que nos mostra o nosso próprio rosto.". Jorge Luis Borges
Quantas não foram as vezes em que lemos nossos sonhos, desejos, tristezas e alegrias nas páginas dos livros! Assustados, sentimo-nos como invadidos. Mas, não. Somos parceiros da letra; escrevemos os mesmos ideais no dia a dia. Nossos escritores, poetas favoritos são aqueles que nos desnudam com uma palavra - aquela palavra devastadora.
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Saudades!
Navio que Partes para Longe
Navio que partes para longe,Por que é que, ao contrário dos outros,
Não fico, depois de desapareceres, com saudades de ti?
Porque quando te não vejo, deixaste de existir.
E se se tem saudades do que não existe,
Sinto-a em relação a cousa nenhuma;
Não é do navio, é de nós, que sentimos saudade.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos
Chuva de Clarice
" Decifra-me, mas não me conclua. Posso te surpreender.".
Clarice Lispector
Somos pequenos mistérios e surpreendemo-nos, às vezes, com nossas próprias atitudes em certas ocasiões. Como pode alguém nos saber por completo? Clarice trouxe o segredo. Guardemo-nos em segredo. Como aquele livro-diário que sabe tudo ou nada de nós.
Clarice Lispector
Somos pequenos mistérios e surpreendemo-nos, às vezes, com nossas próprias atitudes em certas ocasiões. Como pode alguém nos saber por completo? Clarice trouxe o segredo. Guardemo-nos em segredo. Como aquele livro-diário que sabe tudo ou nada de nós.
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Chá gelado com Tennessee Williams
"Há um tempo para partir, mesmo quando não há um lugar certo para ir.". Tennessee Williams
Na esteira do pensamento da postagem anterior. A mudança temida é esta hora de partida. Sabe-se que é o momento de ir, mesmo que o 'para onde' ainda seja uma dúvida. A vida é caminho, do qual não se pode fugir. Escrevemos a cada dia uma linha, um parágrafo, uma folha inteira. Sulcamos nossa terra, depositamos nossa marca neste mundo. Escrevemo-nos.
Conselho de C.S.Lewis
"Mera mudança não é crescimento.
Crescimento é a síntese de mudança e continuidade, e onde não há
continuidade não há crescimento.". C.S.Lewis
A mudança é sempre difícil. Rotina, repetição dão ideia de segurança. Mas, aquele passo a mais, além, que tanto amedronta, pode ser libertador. A literatura nos dá exemplos de pessoas que ousaram e, por isso, fizeram uma diferença nas letras. As linhas podem ser tecidas timidamente a princípio e então...voilá.
Aqui ou ali?
"Onde não estamos é que estamos bem. Já não estamos no passado, e então ele parece-nos belíssimo.".
Tchekhov captou muito bem o espírito humana. Muitas vezes, o lugar onde estamos não nos satisfaz e passamos um tempo precioso imaginando-nos em outro. Ou ainda, o presente nos entendia e o passado nos parece sempre mais interessante. Somos insatisfeitos por natureza. Cabe, sim, uma revisão de valores. O momento é agora e o lugar é aqui.
sábado, 13 de junho de 2015
Alberto Manguel, eu e dois cafés
- O amor pela leitura é algo que se aprende mas não se ensina.
Da mesma forma que ninguém nos pode obrigar a enamorar-nos, ninguém nos pode obrigar a amar um livro.
São coisas que ocorrem por razões misteriosas, mas estou convencido que há um livro que espera por cada um de nós. Em algum lugar da biblioteca há uma página que foi escrita somente para nós.
- Lindo pensamento. Dois de seus livros: História da leitura e Na mesa com o Chapeleiro me ofereceram páginas de puro exercício do pensamento. A mente vagava alegremente por texto ainda embrionário, prenhe de possíveis e impossíveis.
- Fernando Pessoa disse em certa ocasião que a literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta.
- Vivemos muitas vidas e morremos muitas mortes lendo e relendo escritos que amamos.
O texto literário está tão impregnado em mim que parecem saltam das mãos, dos pés, dos olhos da pele, palavras, palavras.... Bom este nosso encontro. Espero que possamos fazer isto de novo.
Da mesma forma que ninguém nos pode obrigar a enamorar-nos, ninguém nos pode obrigar a amar um livro.
São coisas que ocorrem por razões misteriosas, mas estou convencido que há um livro que espera por cada um de nós. Em algum lugar da biblioteca há uma página que foi escrita somente para nós.
- Lindo pensamento. Dois de seus livros: História da leitura e Na mesa com o Chapeleiro me ofereceram páginas de puro exercício do pensamento. A mente vagava alegremente por texto ainda embrionário, prenhe de possíveis e impossíveis.
- Fernando Pessoa disse em certa ocasião que a literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta.
- Vivemos muitas vidas e morremos muitas mortes lendo e relendo escritos que amamos.
O texto literário está tão impregnado em mim que parecem saltam das mãos, dos pés, dos olhos da pele, palavras, palavras.... Bom este nosso encontro. Espero que possamos fazer isto de novo.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Para os enamorados da vida
Enamorei-me da vida cedo e este caso de amor tem sido força propulsora para cada passo dado. A amante é exigente - quer atenção e não admite desânimos ou cansaços, ameaçando-me de abandono. Como poderia cansar-me dela? Às vezes, me canso das vozes, dos barulhos, da insegurança, do egoísmo do outro, do sofrimento do outro, dos silêncios. Dela? Nunca. Mas, é mesmo difícil de entender...Na maioria dos momentos, ela me arranca um sorriso - entre lágrimas ou não. Dela sou e serei.
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Pausa
Silencio a mente. À minha volta, ruídos se sobrepõem - vozes, buzinas, toques de telefone. Fecho os olhos e...nada. No nada, dou vez ao ser. E assim, nesta pausa, me coloco a caminho outra vez. Alguém me chama, mas estou a caminho agora. Não posso mais parar o processo tão querido e necessitado. Só me conheço nestes instantes de repouso. Permitindo-me apenas ser - sem cobranças próprias ou dos outros, sem expectativas. O tempo está suspenso, o espaço sou eu.
Abro os olhos...avante.
Abro os olhos...avante.
sábado, 9 de maio de 2015
Refletindo com Platão
"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." Platão
Oscar Wilde disse que o sonhador é aquele que vê a aurora antes dos outros e, por isso, recebe, por vezes, uma punição.
Vários foram os artistas que 'viram' mudanças, revoluções no pensamento e procuraram alertar seus contemporâneos, sem, no entanto, serem compreendidos.
Cabe a todos o exercício da mente aberta.
sexta-feira, 3 de abril de 2015
Santo Agostinho e a descoberta do amor maior
"Tarde Vos amei,
ó Beleza tão antiga e tão nova,
tarde Vos amei!
Eis que habitáveis dentro de mim,
e eu, lá fora, a procurar-Vos!
Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes.
Estáveis comigo e eu não estava Convosco!
Retinha-me longe de Vós
aquilo que não existiria,
se não existisse em Vós.
Porém, chamastes-me,
com uma voz tão forte,
que rompestes a minha Surdez!
Brilhastes, cintilastes,
e logo afugentastes a minha cegueira!
Exalastes Perfume:
respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Vós.
Saboreei-Vos
e, agora, tenho fome e sede de Vós.
Tocastes-me
e ardi, no desejo da Vossa Paz."
ó Beleza tão antiga e tão nova,
tarde Vos amei!
Eis que habitáveis dentro de mim,
e eu, lá fora, a procurar-Vos!
Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes.
Estáveis comigo e eu não estava Convosco!
Retinha-me longe de Vós
aquilo que não existiria,
se não existisse em Vós.
Porém, chamastes-me,
com uma voz tão forte,
que rompestes a minha Surdez!
Brilhastes, cintilastes,
e logo afugentastes a minha cegueira!
Exalastes Perfume:
respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Vós.
Saboreei-Vos
e, agora, tenho fome e sede de Vós.
Tocastes-me
e ardi, no desejo da Vossa Paz."
Um conselho de Virginia Woolf
"Encarar a vida pela frente... Sempre... Encarar a vida pela frente, e
vê-la como ela é... Por fim, entendê-la e amá-la pelo que ela é... E
depois deixá-la seguir... Sempre os anos entre nós, sempre os anos...
Sempre o amor... Sempre a razão... Sempre o tempo... Sempre... As horas."
O mais difícil é aceitar o cotidiano, abraçar a rotina, tudo como é. Só assim, abraçando a existência como ela é a renovação pode se iniciar.
O mais difícil é aceitar o cotidiano, abraçar a rotina, tudo como é. Só assim, abraçando a existência como ela é a renovação pode se iniciar.
domingo, 29 de março de 2015
Manguel, historiando a leitura
Releio, por estes dias, o encantador Uma história da leitura, do argentino Alberto Manguel, e me depara com a seguinte e perturbadora afirmação:
"Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler, quase como respirar, é nossa função essencial."
O incentivo à leitura desde bem cedo, na infância, permitirá degraus da imaginação que para o adulto futuro fará diferença em sua visão de mundo, em sua complacência para com o outro.
"Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler, quase como respirar, é nossa função essencial."
O incentivo à leitura desde bem cedo, na infância, permitirá degraus da imaginação que para o adulto futuro fará diferença em sua visão de mundo, em sua complacência para com o outro.
sábado, 28 de março de 2015
Barthes e o nu em nós
"A linguagem é como uma pele: com ela eu entre em contato com os outros.".
Roland Barthes é sempre intuitivo, com um discurso rascante que inebria e nos faz compromisso perene com nós mesmos e com o outro.
Roland Barthes é sempre intuitivo, com um discurso rascante que inebria e nos faz compromisso perene com nós mesmos e com o outro.
sexta-feira, 6 de março de 2015
Wilde, sempre
Oscar Wilde foi um 'frasista' esplêndido e cada gota de sua arte se derrama sobre as letras formando ideias de uma singeleza e força inigualáveis. Disse, certa vez:
Todos estamos na sarjeta. Alguns, porém insistem em olhar para as estrelas.
Que possamos fazer-nos brilhar. O brilho de quem se sabe arte. Arte diária. Que os problemas, as dificuldades não nos fechem os olhos para o Belo. Insistamos nas estrelas.
Todos estamos na sarjeta. Alguns, porém insistem em olhar para as estrelas.
Que possamos fazer-nos brilhar. O brilho de quem se sabe arte. Arte diária. Que os problemas, as dificuldades não nos fechem os olhos para o Belo. Insistamos nas estrelas.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
O alfabeto para Galileu
Em seu Por que ler os clássicos?, Italo Calvino visita o texto Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo do brilhante Galileu que diz:
Mas sobre todas as invenções estupendas, que eminência de mente foi aquela de quem imaginou encontrar modo de comunicar seus próprios pensamentos mais recônditos a qualquer outra pessoa, mesmo que distante por enorme intervalo de lugar e de tempo? Falar com aqueles que estão na Índia, falar com aqueles que ainda não nasceram e só nascerão dentro de mil ou dez mil anos? E com que facilidade? Com as várias junções de vinte pequenos caracteres num pedaço de papel, Seja este o segredo de todas as admiráveis invenções humanas.
A palavra escrita tem a força da mudança e da perenidade; é doce e cortante; aquece, envolve.
Mas sobre todas as invenções estupendas, que eminência de mente foi aquela de quem imaginou encontrar modo de comunicar seus próprios pensamentos mais recônditos a qualquer outra pessoa, mesmo que distante por enorme intervalo de lugar e de tempo? Falar com aqueles que estão na Índia, falar com aqueles que ainda não nasceram e só nascerão dentro de mil ou dez mil anos? E com que facilidade? Com as várias junções de vinte pequenos caracteres num pedaço de papel, Seja este o segredo de todas as admiráveis invenções humanas.
A palavra escrita tem a força da mudança e da perenidade; é doce e cortante; aquece, envolve.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Eu comigo mesmo
Quando Jorge Luis Borges percebeu que o processo de cegueira chegava a um ponto crítico, da prosa voltou-se para a poesia. Diziam o críticos que seria mais fácil para o genial escritor escrever um texto mais rápido. Penso diferente. Acredito que na iminência da perda da visão por completo, Borges quis o limite; quis expressar numa linha, numa quadra, toda a dor, toda a alegria, todo sonho do mundo. Não foi fácil... foi intenso; não foi rápido...foi eterno.
Com a palavra, Lewis Carroll
Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: As vezes apenas um segundo.
É isso. Um olhar, um sorriso, um gesto, uma palavra: tudo pode conter a eternidade quando sentido e vivido intensamente.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Octavio Paz, poesia em movimento
IRMANDADE
Sou homem: duro pouco
e é enorme a noite.
Mas olho para cima:
as estrelas escrevem.
Sem entender compreendo:
Também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.
A natureza da escritura de Octavio Paz seduz pela simplicidade, singeleza de quem lê o íntimo do indivíduo.
Um Barthes dasafiador
"A linguagem é como uma pele: com ela eu entro em contato com os outros."
"Toda a recusa duma linguagem é uma morte."
"Toda a recusa duma linguagem é uma morte."
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
O amor, segundo Valter Hugo Mãe
poema sobre o amor eterno
inventaram um amor eterno. trouxeram-no em braços para o meio das pessoas e ali ficou, à espera que lhe falassem. mas ninguém entendeu a necessidade de sedução. pouco a pouco, as pessoas voltaram a casa convictas de que seria falso alarme, e o amor eterno tombou no chão. não estava desesperado, nada do que é eterno tem pressa, estava só surpreso. um dia, do outro lado da vida, trouxeram um animal de duzentos metros e mil bocas e, por ocupar muito espaço, o amor eterno deslizou para fora da praça. ficou muito discreto, algo sujo. foi como um louco o viu e acreditou nas suas intenções. carregou-o para dentro do seu coração, fugindo no exacto momento em que o animal de duzentos metros e mil bocas se preparava para o devorar .
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