quarta-feira, 23 de maio de 2012

Caminheiro

          Sonho que caminho com Pessoa
          Nas ruas alegres e sóbrias de Lisboa
          As ruas têm alma, sussurra o João do Rio

          O passo ritmado me angustia
          O poeta acostumado à dor, sorri.
          'Desassossegado
          Sê inteiro, eis o segredo'.

          As luzes da noite evidenciam e dissimulam minha ribalta
          Pertenço ao poema
          Ri-se Pessoa
          Doces grilhões - que venha o exílio!
          'Pária'
     
          Colo meus passos nos do mestre português
          'Aceitaste a embriaguez do desvio', diz

          A letra extrai luz do obscuro

          'Teu tempo é de aflição, refugia-te nas encruzilhadas.'
   
          A voz fenece.
          Abro os olhos.
          Começo o caminho.

Um comentário:

  1. Stella,
    Quanto sentimento emana de seu poema!
    Parece que faz renascer as figuras dos dois grandes poetas: Fernando Pessoa e João do Rio.
    Que seja infinito este caminho.
    Elisabeth de Abreu Pinto

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