quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Borges, uma vez mais

A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a desvanecida
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Servem-nos, como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que partimos em um momento.


As coisas

2 comentários:

  1. Até mesmo as coisas inanimadas podem revelar encanto.

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  2. É incrível como a genialidade de Borges pode tornar coisas comuns poesia. Obrigada pela participação. BJS.

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