"Ocaso. Em minha sala quase escura
Olho os retratos. Dante está presente:
- Face entanguida, olhar impertinente,
Boca num forte ríctus de amargura.
Em Poe, que o sol, num claro, transfigura
Baudelaire crava o olhar. E frente a frente
Fitam-se longa, misteriosamente,
Tal como o Tédio diante da Loucura...
Em torno e em tudo erra um silêncio absorto.
Sombra do gênio? Alma do desconforto?
Forma do ser disperso no Nirvana?
Quem saberá jamais? A noite desce.
Cada efígie daquelas como cresce
E assombra mais minha tristeza humana!"
INTERIOR in Solitudes, 1918.
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"O que ocorre, de fato, é que, quando me olho no espelho, em meus olhos olham olhos alheios; quando me olho no espelho não vejo o mundo...
Um mix de mistério e beleza. Lindo!
ResponderExcluirVocê resumiu belamente este texto. Bjs.
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